domingo, 5 de agosto de 2007
a literatura é a mais plena expressão da frase "tudo é uma biografia". Não existe verdadeira originalidade no mundo, ou como dizia noutro dia o Pedro Abrunhosa, nós somos todos os livros que já lemos, todos os filmes que já vimos, toda a música que já ouvimos, todas as mulheres que já amámos... Quando se trata de escrever, quem vence é a mente, e tudo o que nela existe. Quem vence é a informação que fomos armazenando ao longo da vida. Por isso é que os bons escritores só se fazem a partir, pelo menos, dos 40 anos. É preciso viver, é preciso ter informação, e depois também é preciso ter informação que seja importante, que seja relevante, para se poder escrever alguma coisa. Quem não sabe o que é a vida nunca poderá produzir alguma obra de arte que valha a pena chamar obra de arte. Há-de ser sempre e apenas uma descrição de uma sensação. Não. O que é preciso é trazer ao de cima a verdadeira originalidade, a originalidade que resulta de uma nova combinação de propriedades já existentes. Isso sim é a originalidade. Ou então somos todos uns papagaios a debitar coisas sem sentido. De facto, a maior parte das pessoas é apenas um reprodutor de memes. Poucas são aquelas que, de facto, criam novos memes. E são essas poucas que ficam na história - e as muitas que são esquecidas por ela.
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