sábado, 4 de agosto de 2007

Problema: há uma coisa que sempre me fez uma confusão enorme. Se perguntarmos a uma mulher o que é um homem bonito, mesmo que ela não seja heterossexual temos uma resposta. E a resposta até é dado com o seu tacto. Se, por outro lado, perguntarmos a uma mulher o que é uma mulher bonita, mesmo que ela não seja homossexual temos também uma resposta. Se perguntarmos a um homem o que é uma mulher bonita, mesmo que ele seja homossexual temos uma resposta. E não é por causa disso que deixa de haver tacto na resposta. Agora, se perguntamos a um homem o que é um homem bonito, aí há uma clara divergência: se perguntarmos a um homossexual ele consegue responder, mas se perguntarmos a um heterossexual ele não consegue. Desculpem lá, mas há aqui algum pedaço de cérebro que falte nos homens e exista nas mulheres? A contemplação estética é assexual. A beleza é subjectiva, é certo. Mas pode-se pautar, por exemplo, pelo carácter de proporção e harmonia grego, ou por outro carácter qualquer. Mas esse carácter, em si, é assexual. Válido tanto para homens como para mulheres. É claro que o objecto em análise é sexual, é profundamente sexual porque a base da sua diferença é sexual. Mas isso não implica que se sinta atracção sexual pelo objecto de contemplação. São duas coisas bem diferentes. Claro que tudo o que dizemos ou fazemos é uma biografia, e gostamos apenas das coisas que são mais parecidas connosco, mas isso não quer dizer que sintamos atracção sexual pelo simples facto de contemplarmos esteticamente um objecto. A atracção sexual pode vir depois da contemplação estética, mas não é condição necessária.

Conclusão: há um medo social ferozmente enraizado no homem, sobretudo naqueles que são considerados os estereótipos do macho latino, em contemplar esteticamente objectos semelhantes a si, sobretudo quando se trata de uma auto-análise. O medo está exactamente na sua insegurança face à sua orientação sexual. Ou então simplesmente não gostam de quem são, do que vêem, e para onde vão.

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