Abre-se o vazio e na escuridão uma luz
A luz cega o crente como num clarão e seduz
Na esperança de encontrar o que não há dito vai
E uma luz capta no seu ai a confissão de um instante que se esvai
E seduz
Rasga o clarão o negro da escuridão que envolve e que tropeça
Que soçobra e que cai
Rasga o humor aquoso dos dias cinzentos e transforma a peça numa equação que vai
Não existe, mas resiste
Afaga o brilho baço e triste do pudor que envolve com dedos nus a sua afirmação
Não sabe, nem diz
Mas continua a rasgar com voz de trovão, a matar
A soçobrar e o clarão vem de novo para aconchegar
E no limiar do beijo, numa candura incessante
Num movimento disforme ou inconstante, lança ao abismo o ar
Que só o sentir percebe o que o mundo no momento tem para dar
Consegue
E seduz
Num clarão que traz a luz
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