terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Abre-se o vazio e na escuridão uma luz

A luz cega o crente como num clarão e seduz

Na esperança de encontrar o que não há dito vai

E uma luz capta no seu ai a confissão de um instante que se esvai

E seduz

Rasga o clarão o negro da escuridão que envolve e que tropeça

Que soçobra e que cai

Rasga o humor aquoso dos dias cinzentos e transforma a peça numa equação que vai

Não existe, mas resiste

Afaga o brilho baço e triste do pudor que envolve com dedos nus a sua afirmação

Não sabe, nem diz

Mas continua a rasgar com voz de trovão, a matar

A soçobrar e o clarão vem de novo para aconchegar

E no limiar do beijo, numa candura incessante

Num movimento disforme ou inconstante, lança ao abismo o ar

Que só o sentir percebe o que o mundo no momento tem para dar

Consegue

E seduz

Num clarão que traz a luz

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