quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

a atestar a assimetria tão característica de Portugal está a quantidade de expressões airosas que se utilizam para descrever uma situação, um paradigma ou um fenómeno que pouco ou nada têm que ver com aquilo que elegem para objecto da sua representação. Dizer que existem candidatos a estudantes de medicina nota 10 é tão irreal que nem se me ocorre termo comparativo adequado. Se existem pessoas que querem estudar medicina e que vão para outros sítios - Espanha, República Checa, ... - é, muitas vezes, porque lhes faltou a tal centésima, ou a décima, para poder fazer frente às exigências burguesas de uma classe que se considera intelectualmente superior que as outras. Ou, para ser mais directo, dizia que na minha terra isso se chama um insulto, na melhor das hipóteses.

claro que o estado em que os numerus clausus estão contribui ainda mais para cavar um abismo sepulcral entre profissionais (ou pseudoprofissionais) de diversas áreas, que ganhariam muito mais em ter um discurso integrado e integrante.

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