quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Processo gnosiológico do mundo

1 - Primeiro, há que começar com uma base de estudo. Assumindo que os nossos sentidos nos fornecem algum tipo de conhecimento, ainda que este possa ser imperfeito, parte-se dos sentidos tácteis, olfativos, gustativos, auditivos e visuais.

2 - À falta de garantia da existência real do que quer que seja, assume-se uma realidade menos imperfeita das sensações que podemos ter de objectos físicos. O primeiro sentido a priveligiar deve ser o do tacto, visto que com ele nos apercebemos da existência volumosa e agregada de algo, o que nos pode servir como termo classificativo de algo que existe.

3 - Depois de avaliados os objectos com o tacto apenas, devemos partir para a utilização da visão. Dado que a visão nos possibilita a percepção de que existem objectos físicos exteriores e interiores a nós, podemos assumir que tomamos contacto com a realidade mais real possível.

4 - Os restantes sentidos devem ser preteridos porque não garantem a substância física de coisa nenhuma, apenas provocam em nós sensações. Assim, o olfacto, o paladar e a audição devem apenas ser considerados por aqueles que se ocupam do estudo das sensações internas humanas.

5 - Com o tacto e a visão é possível percepcionar diferentes objectos exteriores a nós, com características próprias.

6 - A compreensão do mundo físico, contendo todos os seus objectos, em suma, a análise da natureza, é demasiado complexa para ser efectuada de uma vez apenas.

7 - Assim, é necessário visualizar o mundo físico como um conjunto de objectos individuais e diferentes que, quando somados, são equivalentes ao todo.

8 - A verdadeira análise pode então começar: os objectos individuais são suficientemente menos complexos que o todo para que possam ser estudados em toda a sua extensão.

9 - Mas alguns desses objectos permanecem ainda inacessivelmente complexos para a compreensão humana. Assim, devem ser, eles próprios, decompostos em partes, assumindo que a sua soma reconstituirá o objecto primordial.

10 - As nossas capacidades perceptivas, embora bastante úteis para proceder a estas primeiras fases do processo gnosiológico, revelam-se inúteis para conhecer as partes que constituem os objectos. Assim, é necessário divisar objectos, instrumentos, que permitam ampliar as capacidades tácteis ou visuais. Dado que as tácteis se encontram muito menos desenvolvidas em nós que as visuais, devem ser preferidas estas últimas.

11 - Mas até aqui não foi feita senão uma análise bastante grosseira do físico. A partir deste momento, podem tomar-se duas abordagens distintas.

12 - Por um lado, pode escolher-se analisar o objecto ou a sua parte constituinte de forma não invasiva, isto é, não modificando a sua própria natureza, ou não fazendo uso de estímulo. Procede-se à análise descritiva de todas as características que nos for possível determinar, e repete-se o mesmo processo a todos os restantes objectos. Depois de recolhida toda essa informação, ela é cruzada e procuram-se níveis de ocorrência em simultâneo de diversos objectos, o que permite postular que existe ou não uma correlação entre eles. A natureza dessa correlação não pode ser senão vaga, e não permite extrair com fidelidade uma conclusão verdadeira.

13 - Por outro lado, pode também analisar-se um objecto exercendo um estímulo sobre ele, e verificando qual a sua resposta face a esse mesmo estímulo. Assumindo uma relação de causa-efeito na ligação estímulo/resposta, então é possível traçar propriedades características dos corpos ou de partes que os constituam, podendo até mesmo ser confirmadas ou negadas correlações estabelecidas de modo não intrusivo.

14 - Esta tarefa é, ela própria, por si só, muito audaciosa, tal é a quantidade de objectos que compõe o mundo e a quantidade de partes que compõem os objectos.

15 - A análise deve ser seguida até ao ponto em que não é possível analisar, por decomposição, objectos ou partes.

16 - Depois dos estudos de causa/efeito efectuados, é preciso confirmar a validade ou não dos pressupostos utilizados como base do seu fundamento.

17 - Porém, actualmente, esses mesmo estudos mostram que não existe substância real, isto é, permanência, quer dos objectos físicos, quer das suas partes. Os objectos físicos caminham para a sua desagregação inexorável.

18 - Assim, não podemos confiar na realidade do mundo físico, dado que este é, por sua característica intrínseca, não permanente e desagregante. É então necessário procurar algo que possua uma substância real, isto é, algo que não se desagregue.

19 - Mas algo interessante que ressalta desses mesmos estudos ao físico é o facto de que as leis postuladas através do estudo dos objectos ou das partes que os constituem se verificarem permanentemente, independentemente da existência dos objectos físicos.

20 - Por outro lado, também é verdade que essas leis apenas se aplicam a objectos físicos, concretos, individuais. Para conhecer quais as características do mundo em que vivemos é necessário encontrar as leis que, independentemente de qualquer contexto, isto é, que independentemente de qualquer objecto ou parte deste se verificam.

21 - Assim, o próximo passo será a reunião de todas as leis elaboradas com base dos objectos físicos e a sua depuração, até que restem apenas as leis que, possuindo nenhuma excepção, podem ser consideradas como características do mundo, isto é, permanentes.

1 comentário:

Anónimo disse...

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