domingo, 11 de fevereiro de 2007

eu até percebo a necessidade de um referendo: se o governo tomasse uma posição quanto ao tema do aborto, ou mesmo apenas em relação à legislação em vigor, não conseguiria agradar a gregos e troianos e, portanto, perderia muitos apoios (leia-se votos eleitorais), qualquer que fosse a sua decisão. Assim, deixando o povo decidir, descarta-se de uma responsabilidade legislativa e, ainda por cima, alimenta a ilusão de que as pessoas podem, de facto, fazer algo pelo país decidindo acerca de uma lei que não vai resolver realmente questão nenhuma. Além disso, aproveita-se esta altura para desviar a atenção do estado em que está a Justiça portuguesa, que vai devagar ou parada, e isto quando anda, e do mesmo modo o Túnel do Marquês, os Apitos Dourados, os Sacos Azuis, os Vale e Azevedos, as Casas Pias, os Centros Petroquímicos em Sines e pelo Litoral Alentejano a esventrarem o último redutor costeiro verdadeiramente natural português e a mão-de-obra portuguesa para chineses ao preço da chuva. É caso para dizer: vai aqui um belo negócio-da-China.

O pior, no meio disto tudo, é que todos esses casos de que se ocupam os telejornais de 1h30 portugueses servem para as pessoas não pensarem acerca dos modelos educativos caquécticos que levam na escola, da desflorestação da Amazónia, da extinção de espécies, da exploração capitalista aos países do chamado 3º mundo, da globalização que sufoca a identidade cultural, ...

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