quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

não me parece que a massificação generalizada dos meios de comunicação seja algo extremamente positivo. Na verdade, os meios de comunicação são a próxima forma de ditadura: agora já não é preciso ter alguém cá fora, real, e físico, basta um princípio, um ideal, mesmo que não se saiba o que é, o que é preciso é apenas mostrar a total e independente obediência absoluta a uma causa inexistente. Os telejornais actuais apressam-se de todas as formas e feitios, por todos os mecanismos possíveis, a esmagar a nossa total afirmação como seres humanos, mostrando que o mundo é apenas um poço sem fundo de desgraça, de guerra, de acusações e acontecimentos contestatários, catástrofes naturais, em suma, de uma luta pela sobrevivência, como diria Darwin, ou de uma luta de classes, como diria Marx. O nosso belo e amorfo socialismo, tanto desflorado na ciência como na política. Talvez o próximo passo seja a afirmação da individualidade pessoal e intrínseca, minha e nossa, de todos, e a abolição de qualquer tipo de regra imposta de fora para dentro.

Marx tem, de facto, algumas semelhanças interessantes com Darwin. Mas não me parece que toda a vida se baseie apenas numa luta pela sobrevivência, ou pela sobrevivência do mais forte. Que existe evolução, isso tanto o registo fóssil como a história o mostram, mas os pormenores, o passo, a influência dos diversos factores, esse andamento, ou compasso, evolutivo é que nós ainda mal conseguimos perceber. O problema está numa visão fechada e centrada em apenas alguns aspectos do mundo, o que é preciso é que se juntem uns aos outros para se ver o que é que a coisa dá. As classes existem, e vão continuar a existir, mas não em conjunto; as classes existem dentro de cada indivíduo, porque cada um é único em si e perante todos os outros. E nem tudo se baseia numa luta frenética pela sobrevivência, porque os seres vivos, os organismos, não são entidades isoladas umas das outras, pelo contrário, convivem em conjunto, e interrelacionam-se mutuamente, e de formas tão complexas que nos é difícil, ou pelo menos por enquanto, ter noção global. A Ciência do amanhã é a Evolução, não a Darwiniana, mas a Ecológica e Genética.

A Genética permite compreender como se dá a evolução individual dos seres vivos ao meio e a outros seres vivos, a adaptação por expressão do seu programa genético. A Ecologia permite compreender como se dá a evolução conjunta entre os seres vivos e o meio, a adaptação por mudança de expressão consoante o nível em que está o mundo. Junte-se as duas, e teremos uma nova Ciência, a Ciência do Amanhã.

Sem comentários: