o modelo de sociedade que hoje temos, um conjunto ou massa de indivíduos que correm todos para o mesmo objectivo, é herdeiro directo da tradição existencialista que também impregna esses indivíduos. Para o existencialismo, o que interessa é existir: tudo o resto é poeira de passagem. Como a tacanhez de intelecto leva os homens a descartar as possibilidades de existência de algo anterior ao nascimento e posterior à morte, também esta uma herdeira directa, mas, desta feita, do positivismo comtiano, então a melhor solução é viver apenas do nascimento à morte, ou ter atenção ao real, aquela coisa que prefere ser falada a explicada. E assim há um descontrolo assoberbado de viver, de aproveitar a vida enquanto se vive, porque depois disso não há nada mais, de viver para o momento, e não no momento, subvertendo toda a lógica horaciana do carpe diem. O que se esquece, nesta era de ritmos vertiginosos e de velocidade estonteante de produção capitalista, que já está nos seus estertores, nesta altura de cultura light para digestões simplificadas de massas amorfas e sem vida, é que o que é real é aquilo que cada um vê como real. Novo argumento para ser usado, branqueado e refinado pela indústria de consumo para dizer que tudo é subjectivo, e logo não podemos concluir nada acerca de nada porque dá muito trabalho, requer muito tempo e dedicação e, logo, é impossível.
felizmente que algumas coisas começam a vir à luz das consciências mais esclarecidas, levemente desveladas pelos modelos fenomenológicos da psicologia, pelos novos modelos pedagógicos, pelos novos modelos económicos, pela consciência ambiental, pelo maior acesso à cultura.
mas é preciso mais.
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